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A nova arte do envelhecimento

  • Foto do escritor: Matias Alvez de Oliveyra
    Matias Alvez de Oliveyra
  • 9 de abr.
  • 4 min de leitura

Os anos passam, a vida muda, o corpo se transforma e a sabedoria chega (ou, pelo menos, deveria). Treinando pessoas com mais idade, aprendo muito. Alguns são cheios de histórias e, com suas palavras, me transportam a lugares e momentos incríveis de suas vidas. Dou muito valor às nossas conversas. Cada um tem algo para contar e compartilhar — às vezes, até me ajudam a tomar decisões sem nem perceber.


As pessoas passam por transformações durante toda a vida, começando pelo desenvolvimento fetal, nascimento e crescimento. Depois, chega a juventude — aquela fase cheia de energia, em que tudo parece possível e os desafios são bem-vindos. A vida adulta vem logo em seguida, até chegarmos à chamada “velhice”.

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A vida é marcada pelo movimento. Quem já observou uma criança sabe que o que ela mais faz é se mover: braços, pernas, cabeça, boca — tudo ao mesmo tempo. Os momentos de alegria vêm com corridas, saltos, gritos e caretas; os de tristeza, com mais gritos, caretas e birras. A exploração do mundo acontece pela superação de obstáculos e desafios físicos e emocionais. E o amor surge com a atração e o descobrimento sexual.


Mas o que acontece quando envelhecemos? Essa pergunta merece uma resposta bem elaborada. Primeiramente: o que significa ser, estar e se sentir velho? Para alguns, são as marcas do tempo, como os cabelos brancos e as rugas; para outros, o envelhecimento está associado às dores articulares e à perda da mobilidade. Claro que podemos encontrar muitas respostas — algumas bem divertidas e bem-humoradas, outras mais trágicas. Provavelmente, as trágicas vêm de quem se sente velho, enquanto as outras vêm de quem reconhece a passagem do tempo, mas ainda se sente vivo.


A velhice pode ser considerada o momento em que nosso corpo começa a declinar — quando percebemos mudanças físicas importantes, como a diminuição da força muscular, da função neuromuscular, do volume muscular, da produção hormonal, da capacidade cognitiva e uma fragilização geral do corpo. Com o avanço da indústria farmacêutica, ficou muito mais fácil “se transformar” em um velho: basta tomar um comprimido e a promessa de longevidade está feita. Quem lê isso acaba acreditando que essa é uma regra geral — afinal, há muitas evidências de que o envelhecimento é igual para todos. Mas será mesmo?


Para mim, envelhecer é um processo biológico natural, mas que envolve fatores emocionais importantes. Uma pessoa velha é alguém que perdeu os motivos para se mover, que deixou de alimentar sua energia vital e parou no tempo. As causas podem ser muitas — e fazem sentido, dentro da história de vida de cada um.


As pessoas confundem velhice com fragilidade, que é o aumento da vulnerabilidade após um evento que eleva o risco de consequências negativas. Quantas vezes ouvimos histórias de pessoas que caíram, quebraram o fêmur, ficaram acamadas, passaram por uma cirurgia e, pouco tempo depois, faleceram? As quedas continuam sendo uma das principais causas de morte em adultos frágeis, junto a doenças cardiovasculares, infecções e demências. Nesse caso, o evento pode estar relacionado à osteoporose — a diminuição da densidade mineral óssea do fêmur — que, ao fraturar, tirou a possibilidade de locomoção do idoso.


Felizmente, existem formas de combater a fragilidade, e atualmente a mais discutida é o treinamento de força, também conhecido como musculação. Enquanto parece que os médicos redescobriram a roda, a educação física — especialmente a área do treinamento — já conhece há anos os benefícios desse tipo de exercício para a saúde. A musculação é uma ferramenta essencial no combate à fragilidade. Quando bem aplicada, pode reverter mudanças normalmente associadas ao envelhecimento.


Pessoas frágeis geralmente apresentam sinais corporais e cognitivos. A diminuição do tamanho da passada é comum entre idosos, muitas vezes devido à perda de força nos glúteos e ao sedentarismo. A redução da curvatura lombar e o aumento da curvatura torácica também se tornam evidentes — reflexos da gravidade atuando sobre um corpo fraco e desequilibrado. Dores articulares são mais frequentes, pois pessoas frágeis geralmente não conseguem desacelerar o próprio corpo, sobrecarregando os tecidos responsáveis por distribuir as forças. A perda de equilíbrio é outro problema recorrente, assim como o aumento do tempo de resposta entre o sistema nervoso e o músculo, o que diminui a capacidade de reagir a eventos inesperados.


O exercício bem orientado é capaz de aumentar a força dos músculos extensores do quadril, dos eretores da coluna, melhorar o controle motor, aumentar o tamanho das fibras rápidas (responsáveis por movimentos rápidos e intensos), melhorar a qualidade dos tecidos moles (tendões, ligamentos, fáscia) para absorver impacto e transmitir força sem sobrecarregar as articulações. Também contribui para melhorar o equilíbrio e a postura. Além disso, auxilia no controle da glicemia, da pressão arterial, de sintomas de depressão e ansiedade, e ainda favorece o bom funcionamento intestinal.


Treino pessoas de todas as idades, desde atletas até pessoas com mais de 90 anos, e vejo que os velhos estão ficando mais jovens e os jovens, cada vez mais idosos. A grande diferença está na forma de encarar a vida. Enquanto alguns, aos 60 anos, fazem diversas atividades para o bem-estar físico e mental, outros jogam suas vidas fora em frente a telas de celular e séries de televisão. Aqueles que reclamam dos exercícios são os mais velhos — nunca conseguem progredir porque não se permitem, mas não admitem isso. Sinto um pouco por eles, mas, enquanto uns se queixam, outros fazem. Alguns rejuvenescem, outros apenas sobrevivem.


O corpo é lindo e responde a tudo o que acontece — durante toda a vida. Ter uma idade avançada não é uma condenação, e sim uma nova etapa da vida, com novos desafios — agora com vasta experiência. Inegáveis são as mudanças biológicas e as marcas que o tempo deixa no corpo. São como a diferença entre uma casa antiga e uma casa abandonada: a casa antiga, bem cuidada, pode até ter defeitos, mas ainda possui uma estrutura forte e serve como abrigo; a casa abandonada se desfaz, não por causa da sua estrutura, mas pela falta de cuidado.


Então, a pergunta que fica é:

Você escolhe ser um velho sobrevivendo ou envelhecer vivendo?





 
 
 

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